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Museu do Neo-Realismo e Câmara Municipal de Vila Franca de Xira prestam Homenagem a Júlio Pomar
O Museu do Neo-Realismo e a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, prestam homenagem a Júlio Pomar nos dias da sua despedida, evocando a estreita ligação do artista plástico ao movimento neorrealista e ao próprio Museu do Neo-Realismo (MNR), do qual foi um dos seus mais importantes apoiantes.
A generosidade de Júlio Pomar para com este Museu traduz-se, por exemplo, na doação de algumas obras da sua coleção pessoal, que integram o espólio do MNR. A sua presença constante na grande parede que articula os três pisos do Museu, representa a admiração sentida pelo artista e o reconhecimento da sua importância para a cultura portuguesa. A coleção de Pomar no Museu do Neo-Realismo cresceu por via de legados artísticos de outros autores, homenageando amizades, solidariedades e sonhos partilhados de artistas, escritores, ativistas políticos e colecionadores, nas décadas mais ativas do movimento neorrealista. Pinturas como “Descanso” (1945) e “Carro da Calçada” (1950) são algumas das obras que compõem esta coleção e que o MNR continua a divulgar nas suas exposições.
A homenagem prestada pelo Museu do Neo-Realismo integra outra das suas obras maiores – Parlatório, Caxias –, que poderá ser vista na Exposição de Longa-Duração “Batalha pelo Conteúdo”, no piso 2. Ela evoca os meses de prisão em Caxias e também a generosidade da escultora Maria Barreira, que a ofereceu ao Museu, integrada num vasto e importante espólio. Esta homenagem será acompanhada pela exibição, no átrio do Museu do Neo-Realismo, de uma entrevista realizada a 30 de maio de 2016 no atelier da residência do artista, no âmbito da Exposição “Os Ciclos do Arroz” (patente de 16 de abril a 02 de outubro de 2016, no MNR).
Júlio Pomar – breves notas biográficas
Júlio Pomar nasceu em Lisboa, em 1926, tendo crescido com o regime que haveria de marcar, nos anos de juventude, a sua vida artística e política. Iniciou os seus estudos na Escola de Artes Decorativas António Arroio, continuando este percurso pelas Escolas de Belas-Artes de Lisboa e do Porto, período durante o qual a sua obra e a sua ação política se manifestam paralelamente. Esta militância esteve na origem da imposta demolição de uma pintura mural que realizou para o Cinema Batalha, no Porto.
É, sobretudo, o seu humanismo que o aproxima do Neorrealismo, movimento do qual se torna, em pouco tempo, uma figura cimeira. Transportou para a pintura e para o desenho temas da vida social, evocando o trabalho agrícola e operário, e também a pobreza das gentes humildes. Estas temáticas manifestam o seu gosto pela pintura americana contemporânea, de Thomas Benton a Portinari, Orozco e Rivera. Tal como estes, Pomar aspirava a uma arte para o povo, facilmente entendida por todos e que estimulasse a Revolução, então entendida segundo a memória mítica da Revolução Soviética de 1917.
Enquanto escritor colaborou com várias publicações próximas do movimento do Neorrealismo (Vértice, Seara Nova e Horizonte). Já a sua participação política leva-o ao MUD Juvenil e, por consequência, a conhecer as paredes da prisão política em Portugal.
A partir de finais dos anos de 1950, Pomar começa a distanciar-se dos combates de juventude e abandona a militância política, embora se tenha sempre mantido um oposicionista convicto ao Estado Novo. Empenhado na sua afirmação como artista, Pomar fixar-se-á longamente em Paris, onde teve excelente receção crítica e diversifica a sua prática da pintura, cada vez mais experimental. As suas séries temáticas diversificam-se também, muitas delas mantendo elos criativos com a cultura portuguesa.